7 de fevereiro de 2011

Outras vidas


" Nascemos e crescemos esquecidos do que aconteceu conosco em vidas passadas, salvo se manifestações súbitas ocorrem para avivar algo importante, de forma a aprumar seu destino e torná-lo fecundo, influenciando espíritos outros a captarem sinais que vêm em seu socorro.
A reencarnação é cada uma das rachaduras ou ramificações, de formas, cores e extensões variáveis, que representam a árvore da vida. Se a reencarnação é um processo de aprendizagem, é fundamental não lembrar de vidas passadas para a mágoa, a queixa e o azedume não o prejudicarem no reajuste do rumo de sua alma. É como se fosse começar da estaca zero e evoluir através das próprias escolhas, ignorando ser a ocasião ideal para reparar erros de outras encarnações - salvo se amadurecido precocemente. É uma nova prova para pôr em prática o seu livre-arbítrio e demonstrar seu caráter e integridade.
Se você prejudicou deliberadamente inimigos seus em outras vidas, essas pessoas podem reencarnar e fazer parte de seu círculo familiar ou social, a fim de se promover a necessária reconciliação. Se você souber de antemão quem é quem no processo reencarnatório, trará para esta existência os ressentimentos vividos, o que poderia redundar em acerto de contas, que em nada contribuiria para o necessário perdão de erros cometidos. O que não aconteceria, por exemplo, aos que foram submetidos à exploração do trabalho infantil, se obrigados a conviver com seu patrão em outra existência? Alguém que o levou à falência? Que traiu sua confiança? Pessoas que foram irmãs suas e se afastaram, sem darem o menor motivo? A ter que explicar a inveja, o desprezo, a mesquinharia, enfim, nossas misérias morais.
A convivência entre almas partidas em outras vidas se faz necessária nesta. Para que ressurja o amor e o vínculo perdido em celeumas e desaguisados, por vezes, inúteis. Por isso, o esquecimento do mal em cada jornada reencarnatória facilita sobremaneira a aproximação e o entendimento, de forma à plenitude do perdão nos alcançar e nos tranqüilizar, se bem ultrapassados os carmas escalados para progredirmos.
Toda essa seqüência de vidas constitui um bem ordenado processo de engrandecimento do espírito e serve para recuperar deslizes e desvios de conduta no passado. Fazer o bem a quem enganamos e causamos sofrimento. Ou chegarmos até aqui no estrito cumprimento de missões.
Não existe um julgamento definitivo, com a pena capital para cortar sua cabeça. Apenas um julgamento parcial, sopesando os prós e os contras ao término de cada jornada terrena. Com base na lei de causa e efeito, sofreremos as conseqüências dos maus atos anteriores, ou seja, ações não fundamentadas no amor e na falta de humanidade. Assim, iremos nascer e morrer muitas vezes para progredir, agregando conhecimento espiritual à alma perene encarnada em nossos corpos. Dispomos de inúmeras oportunidades para aprender a arte da convivência em ambiente de cooperação. Compete a cada um descobrir seus caminhos da forma mais consciente possível. Se há um juiz supremo, é a nossa própria consciência."

Esse pequeno texto de Antonio Gaio nada mais é que uma ilustração do quanto é invejavel e necessário o aprendizado sobre amor e perdão eternos e bláblá blá. Confesso que devo praticar!

Mas o que me intriga verdadeiramente é querer saber quem eu fui em vidas passadas. Algumas 'ligações' diárias e dejavús constantes me aremetem a pensar em uma vida anterior a esta, onde eu não era exatamente eu, não estava nem morava exatamente aqui e não convivia nem gostava das mesmas coisas que gosto agora! Você já se sentiu assim?

Poderia eu Gostar tanto assim de uma cultura, de um povo e de um lugar com suas histórias e personagens, tão intensamente que esquecesse por tantos momentos onde eu realmente estou? Viajo em Devaneios. Viajo em um tempo que não é meu. Não foi meu e mesmo assim me aposso e quero!
E gosto!
E intrigantemente, não é apenas meu, nem apenas o'EU'conjugado num verbo passado que deseja e sente. Têm sintonia com muito mais.
Aquelas ruas, aquelas paredes, Os Bistrôs, o cheiro de flor, o vento frio que arde os olhose sengra o meu nariz; a música baixinha, a cor daquelas boxexas rosadas; o romance invisível, mas também impossível de desconhecê-lo em qualquer canto daqueles bosques.
O verde não é um verde vivo e regozijante como o verde daqui. É um verde antigo, pintado de passado numa aquarela que eu pensei por vezes ter visto de perto há muito tempo atrás.Cidade Luz com toda razão! Você pode ainda acreditar em andar pelas ruas de madrugada sem temer seu semelhante ou deixar sua bolsa colada ao corpo?

Lá pode tudo e se é livre! e é por esta razão que não se pode nada!
Hoje pela manhã encerrei a leitura de “Paris França”, de Gertrude Stein, motivado pelo filme “Paris Te amo” que vi há poucos dias. O livro não tem nada a ver com o filme, são coisas distintas, o que une as duas obras – como revela o título – é Paris.
É uma delícia ler Stein, a forma como ela descreve a capital francesa, um lugar excitante e calmo, e onde até os bichos de estimação são civilizados.
“Há duas coisas que os animais franceses não fazem, os gatos não brigam tanto e não uivam tanto e as galinhas não ficam atarantadas ao correr de um lado para o outro da rua, quando começam a atravessar a rua elas seguem em frente que é o que também faz o povo francês”, escreve.

Americana da Pensilvânia e criada na Califórnia, Stein mudou-se no início do século XX para Paris onde viveu até morrer, em 1946.
Ela – como a maioria de seus colegas – achava que os escritores precisavam de dois países, e Paris, segundo Stein, era o lugar certo, naquele momento, para se estar.
“Os vitorianos ingleses sentiam-se assim em relação à Itália, os americanos do início do século dezenove sentiam-se assim em relação à Espanha, os americanos de meados do século dezenove sentiam-se assim em relação à Inglaterra e minha geração de americanos do final do século dezenove, sentia-se assim em relação à França, explica Stein.”


Para ela, e isso fica claro no livro, o escritor só podia ser livre em um país diferente, não aquele onde se nasceu.
Faz sentido.
É preciso estar sempre de malas prontas para voltar alí. Como pode alguém ser tão encantado assim? Viví quantas vidas naquelas ruas? Tão caladas e frias, mas de uma forma que são sei explicar exalam coisas boas voluntariamente.
É como se todo mundo andasse apaixonado por lá.Quantas vidas mais vou ter de esperar pra viver uma vez mais, em Paris?

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